Livro “A medida” | Review
Soube que queria ler o livro “A medida” assim que li a sinopse. E gostei dele antes de ler. Sabem aqueles livros que têm tudo para dar certo, e ser dos vossos preferidos? Passei o tempo todo de leitura a “rezar” para que o final não me desiludisse. “A medida” foi o meu caso sério. E valeu as cinco estrelas que lhe dei.
Há livros que contam uma história. Que ganham pela narrativa. Há outros que nos vencem pelas personagens, com quem nos identificamos ou não, mas que nos marcam. Há livros onde é a forma de escrever que cativa mais do que tudo o resto. Há outros que são reviravoltas atrás de reviravoltas e é o vício que nos prende. E este, não nada disto. É daquelas que faz refletir e pensar na vida toda.
O livro “A medida” apresenta uma sociedade perante um facto novo e a forma de agir de cada pessoa perante a mesma situação. Eu adoro que os livros explorem os “e se” da vida. E este é um deles. Tem mensagens para lá história. Tem um sentido. Fui escrevendo esta review ao mesmo tempo que o lia, o que é raríssimo fazer, mas senti essa necessidade à medida (lá está!) que avançava porque se iam levantando várias questões na minha cabeça.
O que podemos encontrar no livro “A medida” e porque é tão bom?
Um dia, uma caixa misteriosa chega, à porta de toda a gente. Lá dentro está uma corda que dita se vamos ter uma vida longa ou curta. Tudo começa com a valente questão “abrir ou não abrir” – queremos ou não saber? Saber pode condicionar toda a nossa vida, mas não saber também – quando todos à nossa volta sabem e agem, querendo ou não, consoante esse facto.
Às tantas, o sistema político que começa a querer tomar decisões opressivas quanto à liberdade de escolha. Os jornalistas discutem sobre o uso do termo “tragédia”. Os sistemas de créditos e seguros de saúde alteram-se. A medicina debate-te sobre tratar doentes de corda curta.
“Será que um doente recebia um cuidado pior porque a sua corda era curta ou será que a corda de um doente era curta porque recebia um cuidado pior ?”
Começam a surgir várias tecnologias para determinar em anos o tamanho da corda e saber com precisão a idade com que cada pessoa morrerá.
Vê-se uma dualidade entre os comportamentos das pessoas com cordas grandes (que achavam que tinham todo o tempo do mundo mas se esqueciam de que isso não fazia deles imortais, ou mais que os outros) e cordas pequenas (que passaram a fazer escolhas baseadas numa vida curta, sem pensar, fazendo tudo o que lhes apetece, ou então de uma forma revoltada contra a sociedade, sendo vistos como ameaças).
De repente as pessoas começam a ser vistas como mais ou menos qualificadas. Começa a haver uma divisão da sociedade em função dos que tem tudo (cordas longas) e do que não tem nada (cordas curtas). A determinada altura deparei- me com um ponto de vista no qual não costumo acreditar: as cordas trazem um destino traçado.
O que mais gostei no livro e porque lhe dei 5 estrelas
Acompanhamos várias personagens cada uma com a sua problemática. O que me surpreendeu e cativou desde cedo foi a forma como a autora conseguiu exprimir todas as inquietações possíveis. Mesmo aquilo que ficaria muito entediante ser dito ela consegue dar-nos. Podia deixar esses pensamentos para os leitores mas corria o risco de não lhes dar todos os ângulos possíveis e de o leitor não alcançar a magnitude do que aqui está. Então achou soluções para nos dar tudo e deu!
E assim temos um livro sobre o Valor de uma vida. Preconceitos. Medos. Esperança. Oportunidades. O livro “A medida” oferece uma mensagem extremamente forte e impactante que nos faz pensar em toda o sistema onde estamos inseridos, nas pessoas que temos à nossa volta e na nossa própria forma de viver.
“As vezes metemos água e às vezes é o sistema que se mete connosco, mas se vivermos a vida com paixão e audácia suficientes então será por isso que vamos ser lembrado. Não pela merda que aconteceu pelo caminho.”
(Obrigada Presença pela oferta deste exemplar delicioso)
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