um homem inofensivo

“Um homem inofensivo” é uma peça de teatro com apenas dois atores em cima do palco. Mas que são capazes de o encher na totalidade.

Renato está a dormir. Rui está acordado, no sofá. De Renato. Na sua casa. Na sua intimidade. No seu silêncio.

Perante a “invasão”, Renato quer saber o que Rui faz ali. Mas, ambos acabam a discutir diversos temas que aparentemente os afastam: a sua personalidade, valores e postura na sociedade. Em polos sempre opostos nas suas visões e opiniões vão contanto pedaços da sua vida. E o espectador vai formulando as suas próprias reflexões. Família, adolescência, injustiças, inveja, vingança, ação e inação, barulho e silêncio. Ora de um lado, ora do outro, vamo-nos identificando. Vamos pescando as nossas próprias memórias. Mas sobretudo vamos encontrando o que nos aproxima ou distancia de cada um deles.

Dois desconhecidos falam no escuro. Afastados nas visões e interpretações do mundo. Unidos na solidão e…no silêncio. Mesmo as pessoas mais diferentes podem ter coisas em comum.

“Um homem inofensivo” é um encontro inesperado de distâncias e semelhanças

Um texto que dá vontade de escutar. Interessantíssimo, muito rico e profundo, da autoria de Luís António Coelho e interpretado brilhantemente por Filipe Vargas e Renato Godinho. Se por um lado temos expressões corporais vincadas, por outro lado temos as palavras certeiras e as frases que são intencionalmente colocadas no sítio certo para nos tocar. E depois, momentos de tensão com espaço para alguma ironia, para aliviar. Fiz várias teses na minha cabeça, mas o final é inesperado e dá que pensar. É de tudo isto que o teatro é feito!

“Um homem inofensivo” está em cena no Teatro Aberto quartas e quintas às 19h, sextas e sábados às 21h30 e domingo às 16h.

Obrigada Teatro Aberto pelo convite. É um gosto ver cultura ao vivo.