Um dia escrevi uma história
Quando era miúda escrevi uma história. Peguei num caderno novo (como ainda hoje faço sempre que quero iniciar um projeto/ideia) e numa caneta que me deixasse a letra bonita (obrigatório!) e comecei. Escrevi só.
Narrador. Personagens. Capítulos. Regras. Estruturas. Plots. Eu não sabia nada sobre isso. Eu era uma rapariga de 12 anos. Usei a realidade que conhecia e inspirei-me em mim e nos meus amigos. Eles nunca souberam.
Impressionante como nessa altura não tive medo. Essa questão nem sequer se colocava. Era fácil.
Invento desculpas mas não invento histórias
Hoje em dia encho-me de dúvidas. E não tenho coragem. Invento as desculpas que forem precisas mas não invento uma história. Isso é que não. A audácia que seria querer por-me agora a namorar com o papel.
A história que escrevi em miúda é infantil, está mal escrita, reúne os maiores clichés e está cheia de previsibilidades. E então? Não questionei nada disto na altura. Apenas fiz. E achei-me genial. Parece-me evidente que hoje lhes reconheça todos estes problemas. Se assim não fosse não teria crescido e evoluído. A questão deste texto nem é tanto essa. O propósito de escrever isto é refletir no porquê de à medida que fui envelhecendo (triste!) ter ficado com mais inseguranças. Agora questiono tudo antes de começar. Ou pior, nem começo.
Portanto, nem me permito ver as falhas do que está feito porque eu nem sequer faço. É normal agora refletir sobre as personagens que quero criar, sobre a mensagem que quero passar, sobre a historia que quero contar. Mas antes tudo era muito mais fácil, sabem?. Simplesmente não pensava e deixava tudo encaminhar-se sozinho. Por que é que é tudo melhor (ou assim a ingenuidade nos faz parecer) quando somos mais novos e à medida que crescemos vamos inventando problemas que antes não existiam?
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