Thriller psicológico – livros que mexem com a nossa cabeça
O thriller psicológico é um género literário que está no meu top de favoritos. Gosto especialmente de livros que mexam com a minha cabeça. Que sejam uma coisa mas depois já sejam outra, sabem? Que me façam duvidar do que leio. Que me ponham alerta. Que me levem a questionar a mente humana, as memórias, a verdade. O suspense, o obscuro e o segredo cativam-me. Apuram a veia de detetive e psicóloga (que não tenho!) Gosto de livros que me ludibriem mas depois me devolvam os todos os enganos em forma de plot twists inesperados.
Por isso, hoje quero deixar algumas sugestões de thrillers psicológicos com temáticas diferentes, editados pela Clube do Autor.
Insónia, de Sarah Pinborough
À partida gosto de livros em que a protagonista afirma durante toda a história que não é louca. Di-lo aos outros mas sobretudo a si própria. (Isto pode, porém, dizer mais sobre mim do que sobre o livro!)
Emma não dorme com a chegada do seu 40 aniversário porque foi nessa altura que a sua mãe enlouqueceu. Ela tem medo de ficar como ela. E tudo indica que esteja efetivamente a ficar. Na minha cabeça começaram a formar-se questões como: será que ela começa a ter comportamentos estranhos porque não dorme ou não dorme porque receia ter comportamentos estranhos?
Qualquer livro é uma viagem, mas este é um passeio à vulnerabilidade das memórias. À facilidade com que elas se apagam e se criam novas, umas vezes verdadeiras e outras não. Isto faz-me sempre sentir irrequieta durante toda a leitura. E essa sensação dá me um gosto particular. Gostei imenso da forma como nos são apresentados os acontecimentos, fazendo de nós um pouco loucos também (o poder do thriller psicológico – é por isso que se chama assim!) Estes são os melhores livros. Intrigantes. Galopantes. Desconcertantes. Aqueles em que somos transportados para dentro da trama e ainda assim percebemos pouco!
Apesar do primeiro plot twist poder ser previsível nada deixa antever as razões e isso é um ponto a favor. Agora, quanto ao remate final e à forma como tudo acaba e se explica…posso dizer que gostei bastante e achei fora do comum (Adorei todas as partes da personagem Nina). No fundo, eu já desconfiava que ia gostar, pelo menos era era algo assim fora da caixa que eu esperava deste livro e desta autora. Agora quero ler mais coisas dela!
Ah, uma coisa: Quem gosta de folhear o livro para sentir o cheiro ou o que seja… não o faça. Vai levar um spoiler dramático!
O amor da minha vida, de Rosie Walsh
Parece um romance. Mas tem pouco disso. Temos aqui um excelente jogo mental. Gostei do efeito que provoca na nossa própria cabeça até entendermos a totalidade do que se está a passar. E quando percebemos continuamos na mesma! A história vai nos envolvendo bem num emaranhado de situações, ligações, intrigas e desconfianças poderosas. Achei, durante todo o livro, que sabia. (Acho sempre!) Formulei uma teoria rápida e espantosa, na minha cabeça fazia todo o sentido. E falhei. Lá está. A capacidade que a nossa cabeça tem de formular coisas que não existem.
Emma ama o marido. Mas quase tudo o que lhe contou sobre si é mentira. Leo é redator de obituários e quando escreve o da mulher começa a perceber que algumas coisas sobre ela não batem muito certo.
Este é daqueles thrillers psicológicos em que nos colocamos na posição de várias personagens e questionamo-nos o que faríamos nós naqueles lugares. É também isto que aprecio nos livros, o facto de refletirmos sobre situações hipotéticas que não são nossas, só para imaginar viver várias vidas.
O passageiro misterioso, de Louise Candlish
Mais do que um livro daqueles em nos focamos em descobrir culpados e desvendar mistérios, esta história mexe de facto com a mente humana, que às vezes é capaz de ser mesmo retorcida. É um thriller psicológico a sério!
Encontramos aqui dois casais de duas gerações completamente diferentes e vamos assistir à forma como cada personagem lida com o dinheiro, ou a falta dele, o emprego, o estilo de vida, o estatuto social. Eu gostei muito de ver esta dicotomia a ser explorada. Mas isto, embora brilhante, é meio secundário porque o enredo principal está no facto de um deles ter desaparecido e outro estar a ser acusado por ter sido a última pessoa a vê-lo. A partir deste dia vamos andando para trás no tempo para perceber o que aconteceu na vida de todos eles.
Não me identifiquei de todo com nenhuma personagem e não é por estarem mal construídas. É pelo que são. Tenho medo que existam mesmo estas pessoas. Afinal de contas em quem é que podemos confiar? É por isso que eu digo que isto é um thriller psicológico do caraças porque mexe com as nossas emoções e com a nossa cabeça. Primeiro, pensamos como é que é possível e depois pensamos outra vez.
Não achei que tivesse uma linguagem muito fácil, não do ponto de vista do entendimento, mas mais do ponto de vista de não ser simples entrarmos na leitura. No entanto, eu acho que este é o tipo certo de escrita para este género de livro. Um thriller deste género com plot twist atrás de plot twist tem que ter uma narrativa mais rebuscada.
A nossa casa, de Louise Candlish
Gosto dos finais disruptivos, pouco convencionais e até um pouco abertos da Louise Candlish, autora também do livro anterior. São finais brutos. Inesperados. E que não agradam a toda a gente. É sempre praticamente na ultima frase que ficamos a par de tudo.
Fi chega a casa um belo dia e percebe que ela está à venda. Não há móveis e já lá estão pessoas a negociar comprá-la. Quando diz que é a dona e mora lá todos julgam que está meio lesada da cabeça!
Não gostei da personalidade de nenhum personagem. A Fi é permissiva e sem amor próprio. Enervou-me o livro inteiro com as suas ideias modernas. Ninguém, absolutamente ninguém, é dócil para com um marido traidor. A forma como lhe tentava facilitar a vida fez-me confusão. O Bram é um aldrabão sem noção, ponto! (Já viram o ponto a que me envolvo com as personagens, né?)
Achei que o livro demorou algum tempo a desenvolver-se. Mas as últimas páginas assumem a rapidez que um thriller psicológico precisa. Foram sobretudo os últimos parágrafos, quando percebemos o que vai acontecer, sem estar escrito diretamente, que me arrancaram a quarta estrela que lhe dei.
Ficaram curiosos em ler algum? O thriller psicológico é um género que faz parte da vossa pilha de livros?
Ana Paula Santos
Olá,
Também eu gosto muito de thrilleres psicológicos, e o melhor…. melhor que já li foi No Canto Mais Escuro.
Ando à procura de outro tão bom ou melhor do que, alguma sugestão?