viagem egito

Tenho muita vontade de escrever sobre a viagem ao Egito. Mas esta não foi uma viagem normal. Foi uma viagem em grupo que misturou amigos, pessoas que já conhecia de outras viagens, pessoas que já conhecia há muitos anos e pessoas que não conhecia de todo. Este texto não é um roteiro de viagem ao Egito. É uma ode à experiência de senti-lo.

Não tenho um plano para este post. Só sei que não vai ser um roteiro de viagem convencional, como costumo fazer. Porque não fui eu que o fiz e seria injusto passar-vos um roteiro que não implicou pesquisa e trabalho meu e sim de outra pessoa (que o fez maravilhosamente bem – como vão ter oportunidade de perceber).

Viagem de Grupo 100 Fronteiras

A Daniela, do blog 100 Fronteiras, de quem tenho a honra de ser amiga, organiza ao longo do ano várias viagens de grupo. O conceito é simples. Vamos viajar com um grupo de pessoas que não conhecemos e com tudo organizado (voos, hotéis, transportes, atividades, etc.) ao melhor preço.

A primeira vez que viajei com ela foi à Lapónia e posso dizer que uma viagem de grupo é já por si uma experiência. Porque reparem na sorte de poder conhecer um país ao mesmo tempo que se conhecem pessoas? Recomendo vivamente que se deem esta oportunidade a vocês mesmos e entrem nesta aventura. Não conheço quem não queira repetir!

Foi a Daniela que idealizou a viagem portanto não vos posso dar um roteiro ou preços das atividades, porque ou estavam incluídas no preço da viagem como um todo, ou sendo à parte, era mais em conta por sermos um grupo (vantagens!) Mas posso, e quero muito, dar-vos aquilo que vi e relatar toda a experiência que a viagem ao Egito foi para mim.

Sentir o Egito

Não sei qual vai ser a minha próxima viagem a seguir ao Egito. Não tanto em termos literais (porque sei qual vai ser!) mas mais em termos metafóricos. Porque…onde é que eu vou encontrar agora um lugar, nesta imensidão de mundo em que vivemos, que mexa comigo tanto quanto o Egito fez?
Onde é que vou encontrar o calor de milhões? As pessoas que regateiam? As cores, contrastes e caos nas ruas? Onde, senhores, é que eu vou encontrar um sítio onde estão constantemente, e literalmente, a desenterrar pedaços de história ?

Ao contrário de muitos dos meus companheiros, eu não sonhava com o Egito nem era obcecada por documentários. Portanto, tudo para mim foi mais ou menos novo, surpreendente, inacreditável. Tudo para mim foi fascinante e grandioso. As expectativas foram largamente superadas.

Houve alturas em que achei que tinham colocado ali aquele templo ou pirâmide há poucos anos de propósito só para os turistas verem hoje, sabem? Tal era a incredulidade no meu olhar. Mas também…eu SÓ estava perante 4500 anos de história! Dá para acreditar que há imagens de hieróglifos ainda com as cores originais? COMO? Como é que é possível? Entendam, eu estava “mumificada” com tanta coisa! Os egípcios, há milhares de anos, inventaram uma linguagem própria. E uma série de outras coisas que achava eu serem dos tempos modernos, mas que afinal já existiam, Uma cadeira que se adapta ao crescimento de uma criança? Qual Montessori, qual quê. Tutankamon, que foi faraó com 9 anos, já a tinha!

viagem egito

A viagem ao Egito foi uma autêntica escola

Eu aprendi tanto nesta viagem ao Egito. E devo isso ao nosso guia. Que nunca pensem em fazer uma viagem ao Egito sem guia. O Pai Mohamed fez parte da experiência e de muitas das nossas recordações de hoje. Talvez seja mesmo um pouco responsável pela nossa união e piadas privadas.

Um homem extremamente culto, cheio de conhecimento e além disso simpático e bem disposto. Apesar de sempre acelerado, teve extrema paciência para lidar com os portugueses indisciplinados que lhe calharam. Notava-se mesmo que queria ter o máximo de tempo possível para nos mostrar tudo aquilo que conseguisse. A sua dedicação levou-nos a aprender até algumas letras e palavras egípcias, vejam bem! Além disso, tinha sempre as melhores sugestões de restaurantes, dava-nos as melhores dicas do que fazer nos momentos em que estávamos órfãos dele e disse a melhor frase as férias: “O Egito não é só pedras, é história escrita na pedra.”

O barco casa no Nilo

O rio Nilo, que só conhecia das histórias da Agatha Christie, foi casa durante 4 dias.

É imenso. É intenso. É dono de um pôr do sol estrondoso e de paisagens surpreendentes. O Nilo da nossa imaginação é agora também um pouco nosso pela alegria que lá deixámos e pela memória que de lá trouxemos.

Iniciamos o percurso em Luxor e fomos descendo até Assuã. Acordávamos sempre super cedo, saíamos do barco para visitar as cidades durante a manhã e entravámos em navegação durante a tarde. Era sempre muito divertido. O Nilo ofereceu-nos muitos momentos de convívio tão importantes!

Luxor e a quase experiência de andar de balão

O voo de balão (já sei, foi assim que o Dino desapareceu!) era um desejo antigo. Quando vi aquele cenário em Luxor os meus olhinhos brilharam. Ver os balões a encher. Fazer a preparação para subir. Eu estava louquinha da minha vida. Porém, levantou-se vento, as questões de segurança falaram mais alto e não houve passeio para ninguém. Posso considerar isso uma experiência também? A experiência de quase voo? Claro que fiquei triste. Claro que tive de gerir. Mas uma das vantagens de estar em grupo é que as desilusões passam mais depressa. Porque estamos todos na mesma vibração.

Templo de Luxor

Não é o mais bonito nem o mais imponente, mas foi o primeiro e isso causou palpitações fortes. Foi altamente impactante. Tem mais de 3000 anos. Pasmem-se! Já esteve coberto de areia, foi desenterrado em 1881 e está muito bem preservado. Ainda se veem as cores originais nos desenhos. É surreal. E depois temos 3km de estátuas de esfinges que é uma coisa impressionante.


Templo de Karnak

O Templo de Karnak demorou 2000 anos a ser construído! É enorme e seriam precisos três ou quatro dias inteiros para o visitar completamente. Há uma sala com 134 colunas – é do tamanho do Vaticano, para terem uma ideia. São precisas 10 pessoas de mãos dadas para a contornarem uma só coluna. São enormes.

Templo de Edfú

O Templo de Edfú já esteve coberto de algas depois das inundações do Nilo. Vocês podem achar que parece que vemos sempre o mesmo. Mas acreditem em mim, com o guia certo, isso não é de todo verdade.


Kom Ombo

Este foi o único templo que vimos ao final do dia. Estava o sol a pôr-se e saímos de lá de noite. É o único que está junto ao rio. Aqui aprendemos que cada família tinha uma profissão e especializava-se numa arte especifica do desenho (partes do corpo por exemplo).

À saída, enfrentámos a primeira prova de fogo nas compras. No Egito temos de regatear os preços. Até levam a mal se não o fizermos. A pressão para comprar é intensa. Entendo que possa ser desconfortável para algumas pessoas. Temos de ser fortes e manter-nos firmes, mas não é inseguro.

Assuão, a última cidade antes do Sudão

Em Assuão fomos dar um passeio à noite. A quinta deles é a nossa sexta. As ruas estão um caos. Muita gente. É muita cor, muito contraste, barulho. Pode ser desafiador, mas eu gosto muito deste ambiente.

Veem-se mais homens nos cafés e mulheres nos parques com as crianças. Mas no Egito não é obrigatório o uso de Burka, por exemplo. As mulheres acabam por escolher ou não usar de acordo com a tradição familiar.

Mesquita

Para entrar na Mesquita temos de cobrir os ombros e descalçar-nos.
Nas mesquitas os homens e as mulheres rezam em zonas separadas. Uma das melhores coisas de viajar é o choque cultural. Mas sempre com respeito, se estamos no seu país respeitamos as suas regras e crenças.

Aldeia Núbia

Foi na Aldeia Núbia que tivemos um contacto mais próximo com a cultura antiga e acabou por ser um grande marco desta viagem ao Egito. Eu simplesmente adorei tudo lá. Muita cor e alegria.

Templo Abu Simbel

Neste dia, acordamos cedinho, praticamente de madrugada, mas valeu tanto a pena, vocês não fazem ideia! Para mim em viagem durmo pouco mas vivo muito. E é isso que realmente me importa.

Fizemos uma viagem longa de autocarro até Abu Simbel. Vimos o nascer do sol que foi uma das partes mais sensacionais. Este foi o meu templo preferido. É o mais imponente. E originalmente não foi construído aqui, foi mudado de sítio o que torna tudo ainda mais impressionante.

Cidade do Cairo

De Assuão, apanhamos um avião para a capital. A cidade do Cairo é rica em história. Tem um trânsito caótico. Barulho. Tem muitos habitantes. O lixo e a reciclagem são um problema. E as casas são inacabadas, pois assim não precisam de pagar impostos. Sabiam isto?

Pirâmides e Esfinge de Gizé

Ai meu deus. Vocês sabem lá o que foi ver as Pirâmides ao vivo. Um grupo inteiro a exclamar um sonoro “ahhhhh”. Primeiro, são de uma grandeza que eu nunca imaginei. Como, COMO é que fizeram aquilo com aquela precisão há milhares de anos? Cada pedra é do meu tamanho (bom, se calhar assim parecem pequenas! Mas percebam, são do tamanho de uma pessoa!)

Há 86 pirâmides no Egito. Mas (momento lúdico) vocês sabiam que…. pirâmide significa “casa do filho do sol”? Pois é! Os egípcios acreditavam na ressurreição e as pirâmides seriam um palácio onde os faraós eram sepultados com todos os seus bens para desfrutarem da vida após a morte. Bem vindos ao canal História!

As pirâmides de gizé estão alinhadas com mercúrio, vênus e saturno. Ficam no centro magnético da terra. Foram feitas experiências em que se colocaram alimentos no centro das pirâmides e eles conservavam-se. Aceito teorias (da conspiração ou não) para estes factos!

A esfinge foi esculpida a partir de uma única pedra e já esteve completamente enterrada. Ver isto ao vivo é mesmo especial!

Percebem agora porque é que a viagem ao Egito foi tão especial? Tudo são interrogações. Reflexões. Admirações.

Pirâmide of Teti

Entrámos numa pirâmide!! Foi real. Para entrar é preciso fazer uma descida bem íngreme e depois andar mais um pouco em agachamento. (Pode ser um pouco claustrofóbico para quem não gosta de lugares fechados, apertados e escuros com muita gente.) A pirâmide de Teti é de 2330 A.C. Então, ponham antigo nisso!

Saqqara – a mais antiga pirâmide

Não é tão perfeita como as outras, mas ainda assim se revela impressionante. Todo o complexo onde ela está é maravilhoso e não tinha quase ninguém a visitar. Houve de tudo nesta viagem ao Egito. Sítios cobertos de pessoas, mas depois havia lugares onde não estava ninguém e dava para andar perfeitamente.

Museu do Cairo

Eu adoro museus. Portanto, era impensável não ver o maior museu de peças egípcias. São 92 mil peças e 62 salas. Está sempre a aumentar, inclusivamente para o ano vai abrir outro museu, que vimos por fora, porque estão sempre a descobrir coisas novas!

Os faraós eram enterrados com imensas coisas. por exemplo 365 estátuas para trabalhar por eles, para que eles apenas tivessem que desfrutar da vida apos a morte. Tutankamon foi enterrado com mais de 7000 peças intactas.

Sim, é possível ver múmias aqui. Mais uma vez, é imprescindível o acompanhamento de um guia, caso contrário não desfrutam da visita e podem até andar meio perdidos

Mesquita Mohamed Ali

Esta mesquita fica em Citadelle de Saladin numa fortaleza com vista privilegiada sobre a cidade e é muito bonita. Diz quem sabe que se parece com a Mesquita Turca.

Tahrir square

A praça que foi palco da chamada primavera árabe. É uma autêntica confusão. É possível pedir ubers para se deslocarem, é super barato, mas têm que ter estômago para aguentar a viagem mais atribulada da vossa vida. Atravessar a estrada também é coisa para corajosos. Entre buzinas, foi possível com sucesso e sorte!

Bazar Khan el Khalli

A verdadeira experiência de compras foi vivida aqui. São ruas e ruelas. Um labirinto de lojas de tudo e mais alguma coisa. Quem gosta de negociar o preço do que traz para casa vai encontrar aqui o seu paraíso. Eu sinto-me muito bem nestes ambientes, mas pode ser realmente confuso para quem se estreia.

Informações importantes:

  • Para as negociações é conveniente ter dinheiro. Podem ser euros ou dinheiro egípcio.
  • Para terem internet terão de adquirir um cartão de dados no pais ou online (deixo-vos o site onde o fizemos: https://www.airalo.com/auth/signup?referral=BRUNO9937&referral_name=Bruno (se colocarem o código BRUNO9937 ganham 3 dólares na primeira compra – pareço uma influencer a sério!)
  • É absolutamente recomendável ter um guia nas visitas aos templos
  • A comida é muito à base de arroz, frango e peixe.
  • Levar um lenço para cobrir os ombros nas mesquitas.
  • As cidades são confusas, a cultura e os costumes são diferentes mas nunca me senti insegura. Não descurem a atenção mas desfrutem do pais e das pessoas
  • É frequente haver muita gente a tentar vender-vos coisas e pode acontecer serem abordados por crianças a quem é mais difícil dizer que não (preparem-se para isso e sejam firmes e simpáticos perante a decisão que tomarem).
  • O sol é quente, não esquecer protetor solar.

Se chegaram até aqui vocês são uns valentes! Sei que, como sempre, escrevi imenso! Se ainda assim quiserem ver mais fotos por exemplo, é só passarem no meu instagram que está tudo por lá.