O café divide as pessoas. Separa as que bebem curto das que bebem cheio. Separa as que pedem café pingado das que pedem café sem princípio. Separa as pessoas que bebem com açúcar das que bebem sem. E separa sobretudo as pessoas que bebem das que não bebem.

Hoje é dia internacional do café. E o acto de “ir beber café” dava um estudo sociológico. Reparem bem: reúne-se um grupo de amigos à volta de uma mesa para beber café. O empregado vem e pergunta o que é que vai ser. Todos querem café… mas nisto o empregado tem que decorar que dois querem café cheio, um quer curto, mais dois querem duplo e são ainda três normais. É preciso que o senhor tenha quase um dicionário debaixo da caixa registadora para saber o que raio quer dizer cada café que cada um pediu. Quantos centímetros deve ter exactamente um café normal para não ser confundido com o curto ou com o cheio?

Adiante, depois o fenómeno do café ganha outros contornos quando os ditos chegam à mesa e os que não metem açúcar começam a mexer o café. (Quer dizer, estão a mexer para quê?!) Outros põem-se a comer a espuma com a colher. E outros ainda pedem paus de canela ou gelo para meter no café.

E o resto da tarde se passa inteira ali. Numa ida ao café. Ninguém pediu mais nada, todos têm diante de si uma chávena de café vazia que o empregado leva, duas horas depois, enquanto deixa a conta. E a conversa anda ali em volta dos hábitos da cafeína. “Ah, eu se não beber café fico cheia de dores de cabeça”, “A sério? Eu não posso beber é à noite, se não depois não durmo”. “Ai tu bebes isso sem açúcar? Que nojo”, “Epah, tu é que não aprecias verdadeiramente o café com esse açúcar todo”.

Por essas e por outras comecei a meter só meio pacote, que isto de beber café é como levar a vida, uns metem açúcar, outros não!