Nunca sorri tanto numa farmácia. Nunca quis trazer tantos medicamentos. Nunca me apeteceu tomar comprimidos nem que fossem cor-de-rosa. E agora apetece. Preciso de um estimulador de paciência. Também preciso de um suplemento de riqueza que me vai fazer maravilhas à alma. Mas isto sou eu. Vocês precisam de quê? De um activador de optimismo? De um redutor de dívidas?

Estou a falar de uma farmácia que é fun. É a funmácia criada a pensar nos vírus que estão infectar a nossa boa disposição. É preciso curar isso e rápido. “Uma parte de nós é muito afectada, em termos psicológicos pelos problemas sociais, que é o caso, por exemplo, da crise, mas não há nada que cure isso efectivamente e o que nós queremos é transmitir boa disposição, sorrisos, gargalhadas!”, quem o diz é Ricardo Belchior, um dos sócios da funmácia.

A ideia de transformar açúcar em ‘medicamentos’ aconteceu durante uma viagem a Barcelona. Pegaram na ideia de ‘nuestros hermanos’ e adaptaram ao contexto português recriando o conceito. ” Inicialmente pensámos que ia ser um hobby, um complemento aos nossos trabalhos, mas percebemos que se queríamos que a marca tivesse sucesso teríamos que nos dedicar a tempo inteiro”. A área de designer do Bruno juntou-se à gestão do  Ricardo, ambos tomaram uma dose de empenho, dedicação e optimismo e juntos fizeram nascer a marca em Portugal. “Há um bocadinho falta de crença, todos devemos acreditar naquilo que nos define e não nos sentarmos à sombra da bananeira à espera que a crise passe. Eu acho que é importante haver um choque para despoletar o que há dentro de nós que é o instinto sobrevivência… acreditar em projectos e avançar com força”.

Dentro da loja os funmaceuticos estão vestidos de bata branca e ajudam-nos a levar a dose certa para curar a nossa dor, só é preciso apresentar a receita: gulosice. O processo é simples, escolher um boião ou recipiente, colocar as gomas ou chocolates (e encher bem) escolher o rótulo mais indicado e depois de selado temos de agir rápido…comer a dose recomendada.

Mas de que é que os portugueses andam a precisar mais? Será de um potente intensificador de salário para tomar todos os finais de mês? “Normalmente dizemos para não acabar o stok do intensificador de salário para que o nosso governo não fique chateado”, brincou Ricardo. Então o que é que está no topo da tabela destes utentes? “A procura maior é o inibidor de mau feitio”. Na realidade o povo português quer é andar contente e este é o conceito perfeito, oferecer felicidade a alguém, numa caixa de comprimidos.

As pessoas têm revelado interesse pelo conceito desenhado mais para um público jovem-adulto. Mesmo quem não conhece entra pela curiosidade e há ainda quem ache que está a entrar numa farmácia a sério. Junta-se a curiosidade à água na boca. “O nosso slogan é ‘porque sorrir é o melhor remédio’, faz todo o sentido”. Faz, e o sucesso surge assim mesmo, o próprio produto fala por si, faz-nos sorrir.

E eu…acho que estou a ficar doente!