Nestes tempos em que vivemos uma hora sem internet é um pesadelo. A sensação que temos é de que estamos fechados, sozinhos, desatualizados e perdidos. Esta é a era da tecnologia. 

Não queria nada começar este texto com a frase “eu ainda sou do tempo” pois não tenho assim tanta idade, mas o facto é que me lembro do tempo sem internet e sem metade da tecnologia que há hoje. E, sim, já parece um tempo muito antigo. Muitos dos meus trabalhos de escola foram feitos em cartolina e até acetatos. Para procurar informação ia às enciclopédias dos meus pais. Já ninguém compra enciclopédias do Círculo de Leitores hoje. Hoje ganha o google. Prático, rápido e acessível sempre.

Sempre fui mais do papel. Ainda hoje sou de folhas soltas. Gosto de escrever à mão. Sabe diferente. Gosto de folhear um livro e um jornal. Acho que isso vou gostar sempre. Mas hoje a tecnologia não deixa espaço livre às folhas. Até mesmo para fazer a lista das compras há uma aplicação.

Já ninguém sai à rua sem saber a última notícia porque o facebook acompanha-nos ao pequeno-almoço. Com a internet parece que estamos sempre acompanhados. Podemos saber tudo sobre tudo a qualquer altura e em qualquer lugar. Todos os dias surgem coisas incríveis para nos facilitar a vida. Até mesmo eu (que prefiro marcar consultas pelo telefone do que através da aplicação) me queixo se não houver wireless na casa de banho. Até a pessoa mais céptica é capaz de sucumbir a alguns aspectos do que a tecnologia nos oferece. Dou por mim a viver dentro do meu telemóvel. Se o perder, meia vida vai com ele.

O Web Summit (ou o paraíso dos nerds, como eu lhe chamo) é a prova limpa disso. As pessoas estão ligadas à tecnologia a todas as horas do dia e praticamente em tudo o que fazem. E é um mundo de oportunidades que não tem fim à vista. Não há limites para aquilo que o cérebro pode inventar e que a tecnologia e o digital podem realizar. O web Summit reúne o melhor desse mundo. Ideias novas, negócios, redes sociais, jogos, aplicações.

Mas até que ponto a tecnologia vai tomar conta da nossa vida? Carrinhos que fazem as compras por nós no supermercado. Carros que estacionam sozinhos. Frigoríficos que nos sugerem o jantar. Robôs movidos a inteligência artificial. Levantamentos no multibanco sem cartão. Assim de repente parece que estou a inventar. Ou a falar de coisas que vão acontecer lá para 2120. Mas não. Isto está em marcha. E vai acontecer.

No fundo, acho óptimo que as máquinas façam coisas por mim, desde que continue a ser eu a mandar nelas.