Há toda uma história quando se acorda antes das sete da manhã. E digo antes das sete porque dizer a hora exata parece-me um atentado. Ninguém devia acordar antes das oito quanto mais antes das sete. 

Acordar cedo para ir trabalhar pode muito bem ser considerado como exercício físico na medida em que pôr os pés para fora da cama é um esforço. Abrir os olhos é um sacrifício. O trajeto da cama até à casa de banho é feito arrastando os pés e de olhos cerrados, às apalpadelas na parede. Se não for contra a porta nem bater com o dedo mindinho do pé em nenhum móvel já não é nada mau.

Depois lavar a cara com água fria é bem capaz de ser a pior coisinha que já inventaram. Ninguém faz isso. Mas diz que é bom para acordar. A pessoa faz tudo o que tem a fazer na casa de banho, engole qualquer coisa à pressa na cozinha e depois disso tudo tem o primeiro dilema do dia quando já de olhos arregalados se vê ao espelho. E a questão é: ou vai trabalhar com o cabelo desgrenhado parecendo que saiu de um combate mano a mano ou vai trabalhar com olheiras até ao chão e sobrancelhas desalinhadas. Não vai dar tempo de esticar o cabelo e maquilhar. A decisão tem que ser rápida, não há tempo nem de escolher uma roupa em condições quanto mais de lidar com indecisões a esta hora. Alguma coisa vai ter que esperar por dias melhores.

Escolhi maquilhar-me e levar o cabelo assim mesmo natural. Se alguém perguntar digo que é estilo “wild” e crio uma moda.  Então pus um pouco de base e blush. Disfarcei as olheiras e com as pressas enfiei duas vezes o rímel dentro dos olhos. Enfim, foi uma má escolha. Amanhã penso melhor.