Filme “O círculo”
Redes sociais. Publicações. Vida online. Partilha de informação. Fotografias e vídeos. Computadores, telemóveis, internet. Exposição. Vida pública. Falta de privacidade. Excessos. Até que ponto a nossa vida deixa de ser só a nossa vida para passar a fazer parte do interesse da vida dos outros?
Vamos pensar. Na nossa vida, quando é que não estamos online? Qual é a parte da nossa vida que mantemos privada? Estamos sempre a apregoar que só mostramos o que queremos, mas teremos todo esse controlo? Até que ponto separamos convenientemente o espaço público do espaço privado? E o que é conveniente, afinal? Como podemos nós querer privacidade se somos os primeiros a mostrar ao mundo onde estamos, o que fazemos, o que comemos. O aparecimento das redes sociais mudou a nossa maneira de viver e mostramos ao mundo a nossa vida até mesmo em direto, como se estivéssemos no Big Brother, e criticamos nos outros aquilo que nós próprios também fazemos. Quem nunca publicou uma foto na praia? Quem nunca fez um storie a treinar no ginásio? Eu já!
No filme “O círculo” Emma Watson é Mae Holland e aceita um trabalho na grande empresa The Circle. O trabalho consiste em avaliar de que forma as pessoas gerem as suas vidas, quais são os seus hábitos, de que gostam, que actividades preferem e quais são as suas motivações. Acontece que a forma como essas informações são obtidas é questionável do ponto de vista ético e mesmo humano porque obriga a um total conhecimento da vida privada das pessoas, a todos os níveis. E Mae vai ceder e fazer parte deste processo.
O filme tem um óptimo argumento. Esta temática é importante ser discutida, porque todos nós temos internet em todo o lado. Mas fracassa largamente ao desenvolve-lo. Ou melhor, peca por não o desenvolver, assim é que é. Ao longo do filme há momentos menos interessantes mas ficamos sempre à espera de respostas a várias questões que vão sendo colocadas é que ficam a rodopiar na nossa cabeça. . E elas não são respondidas. Mesmo o final fica em aberto. Tinha tudo para ser bom mas acabei por não entender e não gostar, sei lá, porque eu acho que todo o potencial que este assunto tem não foi bem explorado e acabou por se perder a essência de toda a problemática que o filme põe em causa. A própria interpretação de Emma Whatson e Tom Hanks deixa muito a desejar, ambos seriam capazes de muito mais, mas não são de todo os actores ideias para estes papéis.
Esta questão é controversa e talvez por isso eu estivesse à espera de mais deste filme. Não há o certo é o errado bem definidos. Por exemplo, o que acham de um dia poder vir a haver câmaras nas ruas? Haver câmaras das ruas, vai à partida, limitar, se não mesmo acabar com toda a nossa privacidade e portanto discordo. Mas, por outro lado poderia ajudar na prevenção de ataques terroristas, por exemplo, na medida em que todos os movimentos de um possível suspeito estavam ao alcance de um ecrã e então aí concordo. Não é linear, estão a ver? Tudo tem um ponto contra e a favor. Não é fácil. Nem acho que a sociedade esteja por pronta, aberta e disponível para este debate ainda. Até onde podemos ir nesta exploração? Até onde vai o limite do aceitável do que é ético e moral? Do que é publico e privado? Até onde vai a nossa liberdade e a dos outros? Onde acaba e começa?
É um pouco difícil falar de filmes sem revelar o que acontece. Estes posts em que queremos dar opinião mas não queremos ser spoilers são complicados de escrever. Já alguém viu e quer partilhar comigo o que achou? Alguém ficou com curiosidade de ver? E o livro de Dave Eggers, alguém por aqui já leu e me pode dizer se é parecido ao filme?
Green
Confesso que depois de ver o trailer e ler o que escreveste, não é bem o tipo de filme que mais me fascina, no entanto, tem um tema interessante. Falaste de muitas questões pertinentes, acho que relativamente ás câmaras nas ruas das cidades, principalmente, poderia trazer muitos benefícios, por exemplo, a diminuição dos assaltos, criminalidades, violações, estupro, etc. Isso, e uma melhor iluminação também.
Rita da Nova
O livro é miiiiiiil vezes melhor que o filme, acredita. Só tenho pena que tenhas visto o filme primeiro, porque assim vai estragar-te a história do livro 🙁
Andreia Moita
Oh bolas! Mas se o livro me acrescentar algo e se me dizes que vale a pena não me importo nada de ler depois de já ter visto o filme