O poder da preguiça

A inércia é uma propriedade da matéria e não humana. É a ausência de movimento ou actividade. A preguiça caracteriza-se pela demora, lentidão, falta de vontade ou gosto por mandriar. O ócio é uma ocupação agradável que se traduz na vontade exagerada de fazer… nada. Todas estas palavras são sinónimos de uma tremenda falta de vontade de fazer qualquer coisa na nossa vida. São palavras demolidoras que nos impedem de agir.
Sempre que nos sentimos inertes, preguiçosos ou ociosos é preciso agir. E isso é precisamente o contrário daquilo que nos apetece fazer. Esta contradição acaba por ser desafiante.
Às vezes não sinto vontade de fazer nada. Quero estar deitada no sofá. Quero ver os episódios perdidos da novela que não acrescentam nada ao meu ser. Quero ler revistas pouco interessantes. Quero comer porcarias e coisas que fazem mal. Sem dramas porque eu sei que isso não passará de um momento (é importante que seja um momento e não um estado de espírito, atenção). Às vezes até preciso disso. É um detox ao contrário. Um detox aos dias inteligentes. Aos dias a ler coisas muito intelectuais, a ver documentários ou a escrever coisas inspiradoras. É um detox à vida saudável e aos dias a acordar cedo para ir fazer exercício. Isto pode existir não pode? Só por um momento?
Não tenho ido ao ginásio. Não tenho sentido vontade. O apelo que sinto pelo ginásio é geralmente raro, mas vou porque sei que em última instância, a minha mente vai achar que estou a tratar o meu corpo, tal como acha que estou a ser saudável quando como uma salada. Depois quando me vejo ao espelho acho que estou mais gorda ou mais magra conforme tenha feito mais ou menos asneiras.
Quando não tenho vontade de fazer exercício não faço. Quando não tenho vontade de comer sopa e salada não como. Quando não tenho vontade de escrever não escrevo. Se quero dormir à tarde durmo e se quero perder tempo a fazer nada faço isso mesmo. Não me obrigo a fazer coisas quando não tenho vontade porque sei que não vão resultar. Prefiro esperar. Gozar o momento e não me atormentar com o facto de não estar a fazer alguma coisa produtiva. Posso fazer isto, não posso? Porque é que tenho que me estar sempre a preocupar com o que não fiz? Porque é que tenho que me martirizar, penalizar e sofrer pelas coisas que não faço?
Amanhã já vou ao ginásio. Daqui a um bocado já vou ter uma ideia para escrever e vai correr super bem. E depois ao jantar já comerei uma sopa porque ao almoço comi batatas fritas. Tudo se resolve. A vontade volta e inspiração não existe. Às vezes é mesmo preciso deixarmos ir abaixo a bateria completamente para voltar a carregar sem estragar. Às vezes é mesmo preciso um momento de preguiça, de inação, de ócio, para voltarmos ao normal. E não faz assim tanto mal, pois não?
Rititi
Olha que é verdade que tudo se resolve. A vontade há-de voltar, a inspiração também. Todos nós passamos um pouco por isso ou não? Eu também – muito e quase sempre!
Beijinhos
Green
Não podia concordar mais, isso só nos faz bem e deixa-nos sãos, pois há dias que queremos fazer tudo tão certinho que mais parece que estamos a dar em doidas!