ha vinte anos

Tinha 12 anos na passagem para o milénio. Fiz 13 em Junho de 2000. Na altura dizia-se que o mundo ia acabar. Não sei se alguém ainda se lembra disso. Desde então já esteve para acabar mais umas tantas vezes. Começo a ter idade para dizer a célebre frase “isto foi há vinte anos”. Não que isso me deixe muito agradada, mas vá pode até ser engraçado.

Com a chegada de 2020 entramos numa nova década. Mais do que fazer retrospectivas é giro recordar não só a década passada, em que já era adulta e trabalhava (e isso perde logo metade da graça) mas o início do ano 2000 e as coisas que vivi há vinte anos e ao longo deles.

As férias e os amores de verão (e de inverno. Para os adolescentes é amor o ano inteiro)

Passava férias num parque de campismo. Foi a primeira coisa de que me lembrei. Os dias eram passados na praia e a comer grelhados. Nesta altura deixei de comer melão porque li numa revista que engordava. As coisas ridículas que uma pessoa faz! Eu acreditava numa revista! Valha-me deus.

Nesta altura gostava muito de escrever cartas às minhas amigas, mesmo àquelas com quem estava todos os dias, coisa que umas gostavam e outras achavam só a coisa mais parva de sempre. 

Na passagem do milénio, há vinte anos, havia amores de verão. E de inverno. Porque as paixões adolescentes são sempre muito fortes em qualquer altura do ano. Certo?

Ter um quarto só para mim. Para cantar e fazer dramas à vontade

Os meus pais decidiram mudar de casa e então achei boa ideia encaixotar todas as minhas Bravos e Super Pops e leva-las comigo porque tinham ambas conteúdo de suma importância (e veracidade absoluta) sobre os Backstreet Boys, o meu crush da época (e de sempre). Nunca mais, desde as mudanças, vi essa caixa. E portanto calculo que aconteceu uma destas duas coisas: ou os meus pais lhe deram um sumiço ou ainda está na arrecadação por abrir. 

Nessa altura passei a ter um quarto só para mim, sem que a minha irmã me estragasse os livros. Deixei de pendurar posters na parede, mas passei a imprimir as letras das musicas e a colá-las no espelho para dar os meus concertos em condições (isto foi há vinte anos é certo, mas podem crer que faria o mesmo hoje se não houvesse youtube). Foi uma coisa realmente épica ter um quarto sozinha. Porque podia fechar-me lá e cantar todos os dias a seguir ao jantar ou a escrever no meu diário todos dramas adolescentes absolutamente impossíveis de resolver.

Tinha televisão no quarto. Adorava ver a Malhação (eu não perdia um episódio sob pena de ficar relativamente histérica. Não havia cá gravações. Isto agora faz-se o que se quer mas antigamente não era assim. E dizer “antigamente” soa-me agora a “no meu tempo” o que é terrivelmente assustador).

O telemóvel e a internet foram grandes novidades

Passava horas ao telefone, a falar com a minha amiga que tinha acabado de ver na escola. Mas, naturalmente, existiam assuntos de extrema urgência que não podiam esperar. Vocês entendem! Até os trabalhos de casa se faziam por telefone naquela altura.

Mais tarde, chegaram o telemóvel e a internet. Isto foi há vinte anos! Conseguem perceber? E tudo se descontrolou. Davam-se toques. Nunca percebi se isso queria dizer que ele se tinha lembrado de mim naquele momento ou se simplesmente era uma forma de trollar. Enfim, naquele momento pensava o que me dava mais jeito. Depois o messenger e os nicknames. Eram grandes momentos de conversas que podíamos ter tido no café cara a cara mas que se tornavam muito mais interessantes atras de um computador.

Na mudança do milénio eu era adolescente e agora já digo coisas como “isto foi há vinte anos”

Mais tarde…as saídas à noite! Era tão interessante conseguir sair sem estar exausta no dia seguinte (just saying). A seguir, vieram as passagens de ano com amigos em casas alugadas. Veio uma escola nova e com ela outra fase da adolescência, mas igualmente intensa. Depois a escolha do curso que não foi grande dificuldade para mim, desde cedo que sabia que queria ser jornalista. E fui. Contudo, já mudei de opinião. Bom, na verdade, a profissão que tenho agora, não existia há vinte anos. Meu deus. Vinte anos e até as profissões mudaram!

Entrei na faculdade. Comecei a namorar com a pessoa que mora cá em casa hoje. (É verdade! Podem acreditar.) Começamos a viajar juntos. E a entrar na fase adulta, altura em que as pessoas já dizem sem pudor, “isto foi há vinte anos”.

Na mudança do milénio eu era adolescente por completo. Não sabia nada de nada. E achava, tal como hoje, alias, que sabia tudo. De lá para cá já mudei imensas coisas. Menos esta.

Quem eram vocês em 2000? Que recordações têm do início do milénio?