Eu sou muito melhor a gastar do que a poupar. Não é que eu tenha muito dinheiro. Mas sei muito melhor como e onde gastá-lo do que como guardá-lo e poupá-lo.

Eu não sou uma compradora impulsiva porque penso mesmo muito antes de comprar alguma coisa. Chega a ser chata a forma como eu compro alguma coisa. Quando eu vejo uma coisa que quero, o primeiro pensamento é sempre é que não dá para comprar. Mas passam dias e eu continuo a pensar nessa coisa. Uma canseira. Compro-a. E depois passo os dias seguintes a culpar-me por ter gasto dinheiro. Por que afinal não precisava assim tanto daquilo. E o dinheiro podia ser para outra coisa. Oh vida! Sou uma compradora culpada. No final, vou usar muito aquela coisa. Não a vou deixar a um canto e a culpa vai-se desvanecendo. Quase sempre.

Sou muito má na questão da poupança imediata. No supermercado por exemplo, esqueço-me dos cupões e dos sacos em casa, deixo passar as promoções e essas coisas fantásticas, como já expliquei aqui. Para colmatar essas falhas costumo comprar produtos de marca branca, por exemplo. Outro tipo de coisas que costumo fazer é apontar na agenda os gastos do mês mas isso acaba por não servir para grande coisa, sinceramente. Quando quero viajar começo a ver os voos com alguma antecedência e isso sim vale a pena.

Mas eu tenho um problema. Para mim há uma clara diferença entre poupar e juntar dinheiro. Para mim poupar é sinal que não gastei dinheiro em alguma coisa e por isso poupei. Juntar é ver o dinheiro a crescer num mealheiro, por exemplo. Eu preciso de ver para sentir. E, mais, eu preciso de saber que o dinheiro que estou a deixar de lado vai servir para alguma coisa. Ter um objectivo para ele. Chamem-lhe manias.

Em 2016 li no blog As dicas da Bá sobre a poupança das 52 semanas e decidi tentar. O objectivo é deixar de lado, durante as 52 semanas do ano, o número correspondente à semana. Ou seja, na primeira semana guarda-se um euro. Na segunda guardam-se dois euros. E assim sucessivamente. Na semana 49 guardam-se 49 euros, na semana 50 guardam-se 50 euros e por aí a fora. No final do ano acumulam-se mais de 1300 euros. Não é entusiasmante? Basta ter uma lata, mealheiro ou conta onde e lá colocar todas as semanas o montante indicado. E ver de semana para semana o montante a crescer. Isso é que eu gosto! Há muitas formas alternativas de fazer esta poupança e aí, tal como a Bárbara explica no blog dela, podemos fazer a poupança de trás para a frente, se der mais jeito. Ou mesmo reduzir a quantia para metade a cada semana e no final do ano arrecadar cerca de 600 euros. Conforme a bolsa e as possibilidades de cada um.

Ora bem cá em casa foi um bocado diferente ou não fosse eu ter que inventar qualquer coisa. Tinha que fazer à minha maneira. Quando lhe falei desta poupança, ele, que é muito menos gastador do que eu, alinhou logo. A minha solução era alternar as semanas e poupar na primeira semana um euro e na segunda semana os 52 euros. Depois na terceira semana dois euros e na quarta 51 euros. Estão a ver a ideia? Para não ser tão pesado nos últimos meses do ano. Mas havia uma particularidade. A minha particularidade.

A minha ideia era fazer a poupança em conjunto, alternando as semanas e cada um colocando dinheiro de parte conforme os seus ganhos. Portanto, a ideia era eu colocar o dinheiro nas semanas de valores menores e ele nas semanas de valores maiores. Espertinha! E então o nosso ano começou comigo a colocar um euro numa latinha. E ele 52 euros na semana seguinte. E assim prosseguimos. Eu coloquei dois euros na terceira semana e ele 51 euros na quarta. Foi a gargalhada geral cá em casa pela minha enorme lata! Pode parecer injusto, mas como ambos contribuímos para as contas cá de casa, isto foi só uma brincadeira que deu resultado. Cumprimos até ao final do ano! Fizemos pequenos arrendondamentos e arrecadamos 1400 euros. Serão para uma viagem que já está marcada. Depois conto! Este ano já estamos prontos para fazer outra vez.

Temos também uma vaquinha onde ficam as moedas de um e dois cêntimos e um porquinho onde ficam as moedas de um e dois euros. Vamos lá pondo estas moedas quando as recebemos de troco ou estão num qualquer bolso das calças. Mas também aqui há uma particularidade. Sou uma pessoa irrequieta. E estou sempre a abrir tanto a vaca como o porco. Por dois motivos: O primeiro é porque vou lá buscar moedas para beber café no trabalho. E o segundo é porque passo a vida a contar para ver quanto é que lá está. Muitas vezes a tampa fica dentro do mealheiro e não consigo tirá-la de lá. E as moedas ficam a cair o dia inteiro. Às vezes chegava a casa e já tinha uma “poça” de moedas na prateleira. A solução é deixar o mealheiro de cabeça para baixo.