Lagom

Confesso já. Li o “Lagom, o segredo sueco para viver bem” uns meses antes do final do ano. Comprei-o antes da viagem à Suécia. E li-o num instante. Só vou falar dele agora porque de repente fez-me sentido a mensagem que quer passar. Como se estivesse a marinar durante uns tempos. Ainda não tinha decidido a premissa para este ano. Mas agora já sei. É o equilíbrio.

Em 2016 decidi que queria fazer coisas novas e fiz mesmo. Em 2017 escolhi ser mais positiva e acho que consegui encontrar coisas positivas neste ano. Para 2018 ainda não tinha escolhido a minha frase. Mas acho que já sei. Quero preocupar-me com as coisas certas, saber escolher e ter menos indecisões. Ou seja quero alcançar o equilíbrio. Quando decidi isto lembrei-me da mensagem do livro Lagom e resolvi que devia falar sobre ele agora.

Podemos encontrar o Lagom, como o Hygge, em várias partes da nossa vida. Contudo a diferença entre estas duas correntes é notória. O hygge tem mais a ver com formas de encontrar a felicidade que nos conforta enquanto Lagom está direccionado para aquilo que é moderado, que é suficiente e equilibrado para cada um de nós de modo a estarmos satisfeitos na nossa vida. Há vários livros com a sabedoria Lagom. Aquele de vos vou falar é da Lola A.Akerstrom.

lagom livro

Lagom nas emoções, na saúde e no bem estar

O Lagom está intimamente ligado com o bem estar. Com a nossa visão inteira e interna de nós. E nesse ponto é bastante mais frio e duro do que outras correntes deste género, pela maneira como apresenta as suas prioridades. “No que se refere a cuidar de nós, Lagom quer que sejamos egoístas. Ou seja, uma vez que Lagom dá prioridade às nossas necessidades em detrimento dos nossos desejos devemos garantir que as nossas necessidades da saúde física e emocional são suficientemente satisfeitas em primeiro lugar. Os nossos caminhos individuais para o bem estar são únicos e exigem autoconhecimento de onde nos encontramos nas nossas vidas e do que precisamos em diferentes fases.”

Viver o Lagom na forma de vestir e na decoração da casa

Utilizando a medida do “quanto baste”, Lagom exige que o vestuário siga a simplicidade positiva e haja harmonia em casa. Devemos pensar se precisamos mesmo daquelas roupas todas na hora de comprar mais e saber que a indecisão na hora de vestir vem precisamente do facto de termos muito. Ainda tenho um longo caminho neste campo, porque sim eu ainda sou daquelas pessoas que acha que precisa mesmo de roupa nova. O armário cápsula parece uma ideia interessante mas ainda não faz parte do meu estilo de vida porque gosto demasiado de roupa. E este foi o meu momento de confissão. Admitir e aceitar faz parte do processo de reflexão.

Relativamente à decoração da casa o livro diz que esta geração abriu caminho para o conceito de que o mundo é a nossa casa. E não é verdade. Todos temos o nosso sítio de conforto. “Criamos casas que refletem quem somos enquanto pessoas”. Lagom aborda ainda o concerto de upcycling em que a decoração velha pode dar origem à nova e o conceito de destralhar ao qual também já me dediquei e com o qual concordo.

O Lagom na vida social, no trabalho e nas finanças

Nestes três pontos podemos ver mais uma vez presente a questão do equilíbrio. Vejamos. A teoria diz que devemos dar cartas devagar e não mostrar tudo de uma vez. “É frequente a admiração ser criada assim – a arte sedutora da revelação comedida”. Devemos ainda mostrar intenção no que fazemos e não prometer o que não cumpriremos, respeitando o nosso tempo e o das outras pessoas. O Lagom é moderado e não toma decisões impulsivas ao mesmo tempo que constrói a nossa credibilidade com base nas coisas honestas que dizemos e fazemos. Também na nossa vida financeira, devemos, segundo a teoria sueca, ter noção do que gastamos. Viver no excesso e acima das nossas possibilidade é cansativo. Devemos, por isso, encontrar alternativas que melhor se adequam a nós para viver de forma harmoniosa.

Um mundo em mudança

No modo de vida Lagom muitas das ações estão ligadas a estilos de vida sustentáveis. Os suecos têm extrema atenção ao consumo de energia e ao tratamento do lixo tendo em conta o impacto ambiental. Também estão muito atentos ao consumo de alimentos e água combatendo o desperdício. Incentivam bastante a prática do reutilizar, reencher e reciclar. Por causa destas práticas a Suécia esgotou o lixo e tem de importar para manter as centrais de reciclagem a funcionar. Isto foi possível pela ação dos habitantes com hábitos sustentáveis mas também através de políticas governamentais realmente importadas com o meio ambiente. No final do livro temos acesso a algumas dicas para uma vida mais ecológica.

O ritual do Fika e a minha parte preferida do livro

Depois de ler este livro encontrei a palavra “fika” muitas vezes em Estocolmo. Já estava familiarizada com o seu significado e identifico-me com ele. Trabalhar demasiado ou almoçar à secretaria é o contrário daquilo que  o Lagom apregoa portanto o ritual “fika” apresenta-se como a solução para viver melhor. “Fika” significa fazer um intervalo ou pausa para socializar com amigos enquanto se bebe e come qualquer coisa. No fundo é uma forma de “centrarmo-nos e religarmo-nos connosco próprios. Dar descanso às nossas mentes e equilibrar os nossos pensamentos e emoções, convivendo com os nossos amigos, colegas e família. É uma oportunidade social nas nossas vidas, tão atarefadas, para parar e respirar, ao mesmo tempo que satisfazemos a goludice”

 

LAGOM
“Significa procurar o derradeiro equilíbrio na vida que, enquanto aplicado a todos os aspectos da nossa existência pode ajudar-nos a funcionar no estado mais natural sem esforço”