Amizades depois dos trinta
Sinto que o tema idade tem muitos subtemas fascinantes. (Já o avançar da própria não é tão interessante assim!) Os trinta, por exemplo, estão a ser prolíferos em assuntos. Detestei fazer os ditos, mas vou-me habituando (lentamente) à medida que avanço. Por isso, depois de textos como “sair à noite depois dos 30″, “ir à praia depois dos 30” e “vocês também não sentem a idade que dizem que têm“, chega hoje a todos vocês “amizades depois dos trinta”.
(A foto deste post é aleatória. Acreditam mesmo nisto. Claro que não é. É uma ilustração das amizades depois dos trinta. Ou em qualquer idade, na verdade. Bom, menos com cinco anos. Talvez ai, não seja muito representativo. Esperemos.)
Vários tipos de amizades depois dos trinta
Para qualquer um dos subtítulos que eu vou inventar a seguir, quero ressalvar que nunca se trata do número de amigos. Parece cliché, já sei, mas paciência. Não tem a ver com o número de amigos que temos. Assim, como apuramos com a idade a percepção de que mais vale ter um casaco bom do que vários (ou não, cada um sabe de si!), o mesmo acontece com os amigos. Além disso, não temos mais paciência para os dramas “se fores amiga dela nunca mais te falo” (quem nunca!) e outros do mesmo género.
A verdade é que depois dos trinta “acumulamos” grupos de amigos para todos os gostos. Ora vejam:
Os melhores amigos
Os meus melhores amigos são aqueles com quem crio uma relação mais dependente. Talvez mais infantil. São meus amigos há muito tempo. Já viram várias fases minhas. (Mesmo a nossa amizade já passou por várias fases). E nem é obrigatório falar com eles todos os dias. (Essa é a melhor parte!) Talvez seja mesmo por isso que são os melhores. Não precisamos de nos esforçar para manter a amizade. Ela existe, porque sim.
Os meus melhores amigos vêm de longe, dos tempos da escola ou da faculdade e são aqueles que eu nem preciso de pensar, eles já vão e fazem ou falam por mim, porque já me conhecem antes de abrir a boca. (isto torna tudo bastante mais fácil.) São os que me dão a segurança de que se precisar de rir ou de chorar tenho com quem o fazer. Os melhores amigos são sentidos como parte da família. São aqueles por quem até os pais perguntam!
Os amigos distantes
Os amigos distantes merecem destaque sabem porquê? São aqueles aqueles com não falamos porque a vida vos afastou (poético) mas que continuamos a considerar amigos. Porque um dia o foram de facto. Não lhes vou contar as minhas chatices nem emprestar dinheiro, mas também não sou capaz de os despachar para a categoria dos conhecidos. São aqueles que se reúnem a cada dez anos para o jantar do 9ºano, sabem?
Provavelmente já todos mudaram muito as suas personalidades e têm vidas bem diferentes do que um perspectivámos. Mas se os vir na rua continuo a sentir um carinho muito especial e seria capaz de conversar com eles como se estivéssemos juntos todas as semanas. Estes amigos fazem-nos sentir jovens. Quer dizer, às tantas fazem é com que nos sintamos velhos, quando se começam a lembrar da bebedeira que apanhaste naquela noite épica (só que tinhas 16 anos!)
Os amigos novos
Fazer amigos depois dos trinta é muito engraçado. Sinto que faço mais amigos agora (em workshops, eventos ou viagens) do que fazia quando tinha 15 anos e ia passar férias no parque de campismo. Acho que isso acontece porque estou mais disponível (ou simpática) agora. Antes fechava-me, era desconfiada e as pessoas quando me conheciam achavam-me sempre arrogante. Eu não dava muito espaço nem abertura porque achava que já tinha o meu núcleo de amigos formado. (Era uma parva, portanto!)
Agora estou muito mais livre de preconceitos então torna-se mais fácil fazer amigos. Para alguma coisa o raio dos trinta serviram (brigada!) e agora tenho muita curiosidade por conhecer pessoas novas e saber como veem a vida. Deixar que me conheçam sem ter medos também se tornou libertador e inspirador. Grande sorte de quem me conhece agora. Fica a ganhar mais do quem me conheceu com 15 anos! (Ah, esperem, continuo insuportável!)
Amigos mais novos do que nós
Eu adoro ter amigos mais novos do que eu. Gosto de fazer as coisas que eles fazem, como beber shots no bairro alto e dançar a noite inteira. Além disso, pessoas de outra geração têm imensa coisa a ensinar. Bom, a aprender também. E para isso serve a categoria seguinte.
Amigos mais velhos do que nós
Também é incrível ter amigos mais velhos porque eles sabem coisas que nos não sabemos e comportam-se melhor. Exceto se forem amigos mais velhos que gostem de se comportar como os mais novos (como eu faço) e nesse caso passem para a categoria acima!
Os amigos dos amigos
Os amigos dos amigos sempre me fizeram alguma confusão. Talvez tenha começado por ter um bocadinho de ciúmes deles. Também nunca gostei que me forçassem a ser amiga de alguém. Era mais ou menos como dizerem que tinha de gostar deles.
As festas de anos com vários grupos de amigos, por exemplo, eram esquisitas para mim porque não sabia com quem falar. Quando estava de um lado, achava sempre que tinha que ir dar atenção ao outro.
Mas no final de contas, a verdade é que cheguei a fazer amigos que eram amigos dos amigos. E mais uma vez, depois dos trinta, compreendo o bom que é ter nos amigos dos amigos…também amigos. Nem que seja para falar mal do tal amigo comum! Estou a gozar, vá! (inserir emoji do diabinho!)
Os filhos dos amigos
Deixem-me aqui incluir esta categoria porque as amizades depois dos trinta incluem os filhos dos amigos. E o meu sonho é ser a tia fixe. Os filhos dos meus amigos fazem parte do grupo para mim. Eu adoro-os. E ver a forma como os meus amigos educam pequenos seres (que se tornam cada vez mais parecidos com eles) é um privilégio e uma aprendizagem.
Os grupos de amigos
Os amigos de infância, do secundário, da faculdade, do trabalho… já repararam que existe uma certa tendência para dividir os amigos consoante as várias fases da nossa vida, não vos acontece? (Depois dessa divisão só mesmo os grupos do whatsapp)
Muitas vezes acontece que os amigos que fizemos mais recentemente acabam por estar mais presentes que os antigos. Não é uma substituição, mas é normal que se calhar fale mais agora com os amigos do trabalho do que os do secundário, por exemplo. A menos que estes últimos se tenham tornado os tais “melhores amigos”.
As amizades depois dos trinta tem uma coisa engraçada. Começas a ter grupos de amigos a quem sabes que podes recorrer para falar de assuntos específicos, talvez aqueles que vos levaram à aquele workshop ou que vos aproximou naquela festa. Eu por exemplo sei que é mais provável falar de livros com um grupo do que outro. Ou sei que é mais provável marcar um brunch com um grupo e um jantar regado a vinho com outro.
Os amigos que não são íntimos podem ate tornar-se aqueles com quem falas de coisas que não falas com os outros. Porque sabem menos da tua vida e isso ajuda. Ao mesmo tempo estreitam os laços e passam a ser bons amigos também.
As amizades depois dos trinta são diferentes. A forma como as vemos também. Afinal, depois dos trinta também nós somos diferentes de alguma maneira. Quando é que este post ficou sério? Se é assim, termino por aqui e aguardo a vossa visão sobre as amizades depois dos trinta. Ou em adultos, vá. Ou em qualquer idade de vocês tenham quando estejam a ler isto que também não estou aqui para discriminar ninguém! Venham dai as opiniões.
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