coisas que eu não gostava e agora gosto

Há muita coisa que acredito que não mude. Mas os tempos mudam. As vontades mudam. As maneiras de ver as coisas e pensar sobre elas muda. A forma como agimos perante determinada situação muda. Os gostos mudam. E apercebi-me disso quando pensei nas coisas que eu não gostava e agora gosto.

O tempo muda-nos. Não mudará quem somos na nossa essência, mas muda determinadas coisas na formação do nosso ser. As experiências, os acontecimentos e as relações acabam por moldar um pouco a forma como vemos o mundo e como agimos perante ele. Comecei a pensar nisso e a fazer a desconstrução do meu olhar duro e crítico sobre tudo. E descobri várias coisas que eu não gostava e agora gosto. (E nem tudo tem a ver com comida.)

Às vezes tendemos a não assumir muito isto porque há sempre quem diga “ahhh, agora já gostas!” e nos chame de troca tintas. Não se trata disso. Nunca fiz nada porque os outros fazem, porque está na moda ou porque toda a gente gosta. Sou, até mesmo, um bocadinho irritante e do contra. Mas chamo a isto evolução. Ou crescimento. Ou maturidade. Coisas que não conseguimos adquirir ou compreender antes. Não é dramático. Sempre achei que mudar de ideias era ir contra convicções. Bom… não é. É sim ter capacidade de ver para lá do óbvio. De ir mais à frente, de ter curiosidade e inteligência e depois claro…admitir. Que se lixe! Aqui fica a minha lista de mudança de ideias com coisas que eu não gostava e agora gosto:

Havaianas:

Durante anos recusei enfiar o meu pé num desses chinelos da moda. Eu experimentava e aquela coisa no meio dos meus dedos incomodava-me. Não conseguia sequer dar um passo com aquilo calçado. Com o aproximar dos trinta anos a coisa mudou e inclusivamente passei o dia de aniversário (do ano passado) com umas calçadas. É que eu ia às lojas e não havia chinelos “normais” para mim. E os que havia, pelo amor da santa se eu calçava aquilo. Feios, que doíam! Então comprei umas havaianas pela primeira vez na minha vida. Ainda tropecei umas quantas vezes com elas por não me habituar ao seu andar. Este verão vou voltar ao combate e usarei havaianas e comprarei chinelos bonitos finalmente!

Coco e manga

Há três frutas nesta vida que eu não gosto: manga, coco e dióspiro. Mas já uso óleo de coco e açúcar de coco e até bebo água de coco e sumo de ananás com coco. Com a manga precisei de uma segunda chance. Provei há anos e era tão azeda que nunca mais comi. Voltei a provar agora e já superei o trauma. Posto isto, agora, ao nível da fruta, só dispenso dióspiros.

Caril

Percebi que o que eu não gosto nem é tanto o sabor mas sim o cheiro. Já consigo comer Caril de camarão mas não consigo cozinhá-lo sem uma uma mola no nariz. Quando fui a Marrocos em todo o lado me cheirava a Caril. E sempre que hoje me cheira digo que “cheira a Marrocos”.

Queijo fresco e requeijão

Eu não gosto de queijo nenhum. Só daquele das sandes, em fatias, ou nas pizzas derretido. Então embiquei que também não devia gostar de queijo fresco nem de requeijão. Provei. E agora já gosto. O primeiro com pimenta e o segundo com compota.

Amêndoas:

Antigamente, quando chegava a Páscoa, eu pegava nas amêndoas tradicionais (aquelas brancas e rosas) e comia como se fosse um rebuçado e depois deitava fora a parte da amêndoa propriamente dita, como se fosse um caroço. Agora já não. Percebi que se como nozes e cajus e todos esses frutos secos, também posso comer amêndoas.

Espinafres:

Se a minha mãe vier ler isto, eu nego. Já a estou mesmo a ouvir “antes era um castigo, agora comes.” Pronto agora como. Sempre achei que as folhas verdes não eram coisas comestíveis, mas fiz-me o favor a mim mesma de experimentar por bem do meu colesterol. Já meti nas saladas, nas sopas e na quiche. Acho que continuam a ser folhas na mesma, mas já as como.

Cerveja: 

Não é propriamente um orgulho que eu tenha vida. Aconteceu na viagem à Tailândia. Todas as bebidas que eu poderia beber teriam de ser sem gelo. A cerveja (e a água, vá) eram as únicas que vinham já frescas. Além disso a cerveja era muito barata. E assim desfiz um dos maiores problemas da minha adolescência. Um bocadinho tarde, mas ainda a tempo.

Livros de “auto-ajuda”

Rejeitei-os até poder. E agora leio-os e nem os acho de auto-ajuda. Isso é um estigma. Acho-os uma maneira de ver as coisas com clareza e de nos motivar. Até mesmo os que estão cheios de frases feitas. Comecei por ler o livro da Rute Caldeira, o “Simplifica a tua vida”. E depois disso já li o “Feliz”, da Fearne Cotton, o “Descomplica” da Sofia Castro Fernandes, o “Simplificar” da Brooke Mcalary. E gosto muito. Estou cada vez a querer ler mais livros do género.

Contem-me se isto acontece com vocês. Sobre que coisas já mudaram de ideias?