Histórias assustadoras em viagem
Acontecem coisas em viagem que não aconteceriam “na vida real”. Não sei se me faço entender. Mas em viagem é como se estivessemos noutra dimensão. O que fazemos aqui pode não ser bem recebido noutro lugar. Porque as culturas são diferentes ou porque as pessoas não falam a mesma língua, as coisas tendem a ficar com outra conotação. O blog Circum Mundum fez um post com as suas histórias assustadoras em viagem e eu decidi trazer também para aqui as minhas.
Tudo o que somos fora da nossa realidade adquire outros significados e mais facilmente temos noção que estamos a viver uma aventura do que nos pareceria, se estivessemos na mesma situação, aqui, em casa. A liberdade e a segurança assumem-se como diferentes. As emoções são sentidas de outra forma.
As histórias assustadoras em viagem não passam hoje de histórias engraçadas para contar
Em viagem tudo é uma história que fica para contar (como estou a fazer agora), tudo é memorável e infinitamente mais empolgante. É fácil fazer de uma situação uma coisa grandiosa em viagem, muito mais do que seria aqui, onde vivemos.
Há uns tempos contei-vos as minhas histórias engraçadas em viagem, mas hoje vou esticar ainda mais a corda e escrever acerca das histórias assustadoras em viagem. Tendemos a temer o desconhecido e portanto as coisas podem ficar “assustadoras” na altura. Neste momento não passam de histórias das quais me farto de rir. E essas são as melhores.
À boleia de estranhos…em Marrocos
Ora vamos só aqui fazer um pequeno à parte: NÃO APANHEM BOLEIA DE ESTRANHOS. Nem aqui nem na China, ou neste caso, Marrocos. Os nossos pais sempre nos ensinaram coisas que achámos parvas de tão básicas. Não abrir a porta a desconhecidos, não entrar no carro deles, nem sequer falar com eles, simples, não é? Nunca o fiz. Até ser adulta e estar em Marrocos com amigos. E nem sequer estavamos bebedos. Estávamos completamente embrenhados no espírito aventureiro de quem acha que nunca vai acontecer nada de mal. Na verdade, não aconteceu.
Simplesmente achamos do alto da nossa falta de noção que aqueles senhores eram simpáticos em querer levar-nos ao hotel. Já lá dentro, do seu carro, optamos por não dar a morada exata e descer umas ruas antes. Que conscientes! Bom, o que aconteceu foi que só queriam mesmo uma gorjeta. É comum isto acontecer, percebemos depois quando um outro senhor se ofereceu para nos mostrar onde ficava o nosso alojamento. Mas desta vez a pé. Lá o seguimos por ruas que não lembra a ninguém. No final, apenas nos pediu dinheiro pelo “serviço” e foi embora. A questão é que o hotel não ficava assim tão longe nem era preciso passar por tantas ruas assustadoras. Era até um caminho bastante rápido e seguro se fossemos por outro lado.
Marrocos é um pais muito diferente do que estamos a habituados, mas adorei e voltaria já amanhã. Foi a primeira vez que sai da Europa, então o meu preconceito fazia-me pensar mal de tudo. A verdade é que eles veem nos turistas formas de ganhar dinheiro, como guias, como taxis ou a carregar as tuas malas. E não tem mal. Pelo menos para mim tudo acabou sempre da melhor forma.
Tailândia e a chamada do aeroporto
Na Tailândia éramos 7 amigos a viver o sonho. Num dos voos internos entre cidades vemos uma senhora junto à nossa porta de embarque com uma placa com o nome de um dos nossos amigos. Estavam à procura dele. COMO ASSIM? QUERIAM LEVÁ-LO? Começamos todos a pensar naqueles documentários horríveis em que nos metem coisas estranhas nas mala e apanham pessoas inocentes. FILME.
Ele teve de acompanhar a tal senhora e nós ficamos todos a vê-lo ir num daqueles comboios das feiras. Voltou dentro de alguns minutos. Os senhores apenas queriam ver um objeto “estranho” que dava pelo nome de carregador de telemóvel.
Hotel obscuro em Florença
Tenho várias histórias assustadoras em viagem que são sobre hotéis. Já devem estar adivinhar. De certeza que já vos aconteceu pensarem que vão ficar sem rins quando começam a percorrer corredores obscuros do hotel que vos pareceu até jeitosinho nas fotos. Não?
Uma dessas histórias aconteceu-me em Florença que não é propriamente conhecida por ter edifícios muito modernos, não é verdade? Quando vi que o hotel que tinha escolhido era perto do fim do mundo, o meu coração já disparou. Depois de entrar e de percorrer corredores infinitos com aspeto duvidoso piorou bastante. O quarto era para ser uma camarata mas nós alugamos só para nós. Tinha várias camas, cada uma de sua nação. Acham que fomos embora? Com certeza que não. Foi mesmo lá que dormimos. E ainda cá estamos para contar a história.
Sem passaporte num comboio
O interrail que fiz em 2015 tem muitas histórias divertidas. Mas a mais assustadora talvez seja aquela vez em que ficamos sem passaporte. Eu explico. Em todas as viagens que fazíamos durante a noite no comboio o revisor aparecia para verificar o bilhete e o passaporte. E ficar com ele. Claro que eu, maluca como sou, inventei mil teorias da conspiração para ele querer ficar com os nossos documentos. Praticamente não dormi nada a pensar que ele nos duplicar aquilo ou pior…nunca mais nos devolver e deixar-nos ilegais algures na Hungria ou noutro país qualquer cujo idioma é incompreensível.
No dia seguinte não só nos devolveram o passaporte como ainda nos trazem o pequeno-almoço. Não aconteceu nada de especial mas eu não deixo de pensar que muito boa história policial podia começar assim.
Gostaram de conhecer as minhas histórias assustadoras em viagem? Já vos aconteceu assim algum susto parecido?
Green
Sem dúvida que quando estamos noutro país acontecem realmente coisas que não acontecem, e provavelmente nunca nos irão acontecer, por cá. São histórias para mais tarde recordar, sem dúvida.