partilha

No sábado participei na mesa redonda do Open Day do Armazém cujo tema era “Porquê bloggar? O que nos motiva?”. A conversa ultrapassou as motivações e focou também noutros temas importantes acerca da essência dos blogs. Resolvi aproveitar a “discussão” e fazer esta partilha trazendo esses temas também para aqui para o blog. Porque é que escrevemos um blog? Qual o nosso objectivo? Em que é acreditamos neste mundo digital?

O Open Day do Armazém foi uma iniciativa do Blog Armazém de Ideias ilimitada escrito pela Rosarinho e pela Susana. São umas miúdas incríveis, cheias de energia e com uma vontade de criar enorme. Elas estão totalmente no mesmo mood que eu quanto a isto dos blogs. E foi por isso que aceitei o convite delas para fazer parte de uma mesa de debate sobre o que é isto de “bloggar”. No sábado, eu a Joana do Às Cavalitas do Vento, a Vânia, do Lolly Taste e a Margarida Pestana estivemos numa conversa sincera perante o olhar moderador da super profissional Andreia do blog Ponto 28. À nossa frente estava uma audiência de pessoas que leem blogs ou visitam redes sociais. É importante desmistificar o que se passa do outro lado o computador. E hoje trago-vos aqui um resumo do que dissemos por lá.

A motivação para criar um blog é diferente para cada pessoa. O objectivo também.

Eu criei o blog numa altura em que precisava de fazer coisas diferentes. Estava cansada da vida casa-trabalho e sentia-me vazia de desafios. Então o blog nasceu para me motivar precisamente. Portanto é um pouco ao contrário… o blog é que me motiva a mim. É no blog que sinto que faço o que gosto, logo tenho vontade de o alimentar. É o blog que me motiva a ser melhor e a confiar que aquilo que faço pode ser é bom. Porque acredito plenamente nisto e meto aqui tudo o que sou da maneira que sou. O blog é feito de forma autêntica. E acho que só assim é que funciona. Seja qual for o tema que se aborda num blog a verdade é o que o torna interessante e a forma como ela (a verdade) é exposta torna-o diferente de todos os outros.

Uma forma diferente de bloggar

Cada um deve encontrar a sua diferença. E não é assim tão difícil. Vamos lá ver: Há muitos blogs hoje em dia e há sempre espaço para mais um. É como a imprensa, que dizem que está a morrer há muitos anos, mas ainda nascem jornais e revistas por aí. E ainda bem. Quando há genuinidade, isso nota-se e vejam bem que incrível…quando não há, também. A criatividade é a chave do sucesso, seja lá sucesso o que for para cada pessoa. A propósito deste tema, em vez de me alongar, recomendo o texto da Vânia sobre o assunto que é o melhor que li nos últimos tempos.

A partilha de bons conteúdos sem medos

Nesta mesa redonda insistimos um bocadinho na questão dos números, dos likes, dos comentários, seguidores e todo esse mundo que pode deixar alguns mais cabisbaixos ou mesmo fazê-los desistir. A verdade, e não sejamos hipócritas, é que nós queremos que nos leiam. Se não escrevíamos um diário que ficava guardado na gaveta e fechado à chave. Mas (big mas) se escrevermos um blog só preocupados com isso… o principio já está bastante errado. Eu escrevo coisas que eu gostasse de ler. Eu escrevo coisas com que eu me identifico. Se as posso partilhar e se percebo que mais alguém gosta daquilo que eu escrevo, isso é bónus. E óptimo sim, não estou aqui para enganar ninguém, como dizia o outro!

Agora, não vou deixar de escrever porque não tive comentários no post anterior. E não vou deixar de meter uma foto no instagram porque só tive 50 likes ontem. Muito menos vou seguir contas que não me dizem nada só para que eles amanhã não voltem à minha página para retirar o “seguir”. O número de seguidores é giro mas não me me fará percorrer todo este instagram a fazer duplo clique em imagens só para que me façam o mesmo.

Acredito muito no verdadeiro trabalho de um blogger e não tenho, nem eu nem ninguém que estava naquela mesa redonda, qualquer receio de o partilhar quando é bom. Para que os outros possam também ter acesso àquele conteúdo. E para incentivar aquela pessoa a continuar com o bom trabalho. Não temos medo da partilha de créditos, da partilha de trabalho, da partilha de projectos. Acreditamos que ter um blog é exatamente partilhar. Por isso mesmo, leiam também o post da Margarida, que ela escreveu a caminho de casa depois daquele sábado de debate.

Do outro lado do computador trabalhamos a tempo inteiro

É importante que todos percebam que muito pouca gente em Portugal vive de um blog. Há quem viva, há, mas são uma minoria. (É como as bruxas, que as há, há.) Portanto, a maior parte das pessoas tem um trabalho de oito horas (mesmo!), tem família, amigos, vai ao ginásio (o que é parvo, mas pronto!), dedica-se a voluntariado, lê livros e a outras mil actividades (como fazer brunchs aos domingos) que nem sequer partilha nas redes sociais (como assim?!) e depois disso tudo ainda têm um blog (uf, até me cansei!)

Não escrevemos todos os dias. Nem sequer me faz sentido que isso aconteça. Para fazer alguma coisa obrigada vou trabalhar. O blog é um sítio onde tenho que me sentir livre. Nunca nenhum texto resultaria se não o fizesse de forma espontânea e cheia de vontade. Portanto a periodicidade é uma coisa de cada um. Não tem que ser cobrada. Ninguém liga todos os dias aos amigos e continuamos a ser amigos (mas pelo whatsapp).

Não se devem colocar todos os bloggers no mesmo saco (de pano, sff). Não me perguntem quantos seguidores tenho quando eu digo que tenho um blog. Não perguntem quando é que vai dar dinheiro. Perguntem-me porque gosto de escrever e porque o faço. Perguntem-me como tenho ideias, como é que me lembro de falar sobre estender a roupa. Falem-me da essência de um blog, da partilha, da comunidade, como diz a Joana Clara. Com certeza esta conversa terá muito mais conteúdo.

Agradeço terem lido até ao fim. E agora digam-me, o que acham deste género de debates? Tenho ideia que não se fala muito disto. Qual é a vossa opinião?

Fotos tiradas no Souk Mercado do Mundo, em Cascais e cedidas pelo Armazém de Ideias de Ilimitada.