como me preparei para me despedir

Quando decidi despedir-me a expressão na cara das pessoas fazia crer que eu tinha acordado e tomado esta decisão, nesse dia mesmo. As pessoas acham sempre que somos muito malucos quanto tomamos decisões que elas não são capazes de tomar. Deixar um emprego, por iniciativa própria, até pode ser uma surpresa, mas quase nunca acontece da noite para o dia, gente. No meu caso, houve toda uma descoberta e preparação para o despedimento. Querem saber como me preparei para me despedir?

O medo do desconhecido e os motivos que me levaram a despedir com medo mesmo

Tive muito medo. CLARO! Tive medo tempo demais. ATÉ! E de tudo basicamente. Era medo de andar um passo em frente e não saber o que vinha a seguir. Medo de largar as pessoas com quem já sabia que podia contar. Medo de trocar o certo pelo incerto. Medo de sentir tristeza ou arrependimento. Medo de tomar uma decisão. Medo de mudar, sobretudo. Era tão aborrecido que passou a ser chato ter medo. Isso deixava-me exausta, sabem?

Foi um processo longo largar todos estes medos. Porque eles deixavam-me parada e isso irritava-me! TANTO. Ora eu que não gosto de estar parada por nada, estava agora presa a medos parvos e ridículos. Já sai muitas vezes da zona de conforto e adorei todas as experiências que isso me deu. E agora agarrava-me ao conformismo e à estabilidade de um emprego que já não tinha nada me dar a mim nem eu a ele. Só porque um dia foi o emprego que eu quis. Só porque um dia quis ser jornalista. Bom, agora já não queria. E isso foi bem difícil de entender, acreditem! Como me preparei para me despedir? Aceitei e assumi esta realidade para mim mesma.

Como expliquei no post anterior desta série eu fazia o meu trabalho já de forma fácil e mecânica. Não sentia nenhuma dificuldade nem nenhum impulso, Não estava a ser criativa e não estava a evoluir. Esse foi o principal motivo que me levou a despedir. Além disso, não sejamos hipócritas, nunca ninguém fala de dinheiro. Pois bem, cá está, o dinheiro também importa quando falamos de emprego. E eu não ganhava aquilo que achava que merecia pela dedicação dos últimos dez anos.

Além disso, assumo, as histórias de despedimento que ouvia mexiam comigo…

Ouvia muitas histórias de gente que tinha largado tudo e viajado para ver o mundo. Ouvia histórias de pessoas que largavam os empregos para trabalhar em casa ou num negócio próprio. E ouvia histórias de gente que trocava de área e estava feliz.

Confesso que tudo isso mexia comigo. Eu também queria mandar na minha própria história. Havia alturas em que só queria fazê-lo e pronto. Pensava nos últimos anos e eram dez anos a trabalhar no mesmo. Eu nunca tinha novidade nenhuma para contar a ninguém.

Como me preparei para me despedir? Aqui está uma coisa que foi fundamental: tempo para pensar nas consequências boas e más. Fiz listas. Escrevi preocupações e alegrias. Prós e contras. Parecia uma louca.

Como me preparei para me despedir, afinal?

Eu soube que me queria despedir muito antes de saber o que queria fazer ao invés daquilo. Então esperei. Tudo isto demora, não vos minto. Durante todo o processo de descoberta e preparação para o despedimento encontrei uma área nova a explorar e fui tirar um curso de Marketing Digital, enquanto ainda trabalhava. Queria começar a construir a minha saída de forma sólida e responsável.

Entretanto, fui de férias e pensei que isso me traria a tranquilidade de que precisava para voltar ao trabalho enquanto mandava CV’s. Quando regressei e não me sentia melhor. Pelo contrário, estava inquieta, ansiosa e nervosa.

Decidi nessa altura que não ia esperar até ter um novo emprego para largar aquele em que estava. Como me preparei para me despedir? Cá está mais um passo: Falei com a minha família e os meus amigos, que são uma rede de apoio a ter em conta, e disse-lhes que pretendia despedir-me mesmo sem ter nada em vista. Eu não precisava de autorização. Mas talvez de validação ou um empurrão. As reações não foram todas iguais nem todas de acordo comigo, ao principio. Mas ao entenderem que era uma decisão que me poderia fazer ficar mais feliz houve um consenso geral à volta da minha felicidade.

Sair sem nada VS sair para outro emprego

Eu sentia que precisava tanto de fazer coisas novas como de parar. Portanto qualquer uma das soluções me servia na altura. Devo dizer que tinha muita vontade de ficar em casa a dedicar-me a projectos pessoais. Não sei quanto tempo aguentaria isso, mas tinha esse desejo. Só que, coincidência da vida, já depois de me ter despedido apareceu uma oportunidade de trabalhar em marketing digital e senti muita vontade de aceitar. Afinal, era a troca de área que eu queria e para a qual estivera a estudar por isso pareceu-me o mais acertado a fazer.

Em síntese…

Todo o processo de descoberta e preparação para o despedimento foi feito de forma dura. Às vezes triste e angustiante. Mas, por outro lado, foi muito consciente em todas as fases. E por isso me senti tão feliz quando a decisão se formou na minha cabeça. O medo deu lugar à certeza. É engraçado que só depois de verbalizar isto é que tudo se tornou real.

E depois da decisão estar tomada foi tudo bastante mais fácil, até mesmo o último dia de trabalho ficou facilitado, lá está porque me preparei muito. Mas sobre este assunto, em particular, falo-vos no próximo post. Já sabem que está a acontecer a “série mudar de emprego” aqui no blog.

Em conclusão, afinal como me preparei para me despedir?

  • Pensei muito
  • Esperei para a ideia assentar
  • Fiz listas de prós e contras e antecipei cenários
  • Fiz contas. O dinheiro é importante
  • Aceitei que mudei de ideias
  • Falei com pessoas
  • Tinha uma rede de apoio
  • Procurei alternativas e coisas que das quais gostava
  • Tive um bocadinho de loucura (e coragem) aliada a uma enorme certeza

Alguém se identifica com a minha história? Contem-se já passaram ou então a passar por algo do género. Gostava de saber que posso ajudar alguém ou partilhar visões.